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A Volta ao Mundo em 80 Catástrofes - Especial Portugal

A Volta ao Mundo em 80 Catástrofes – Especial Portugal (2022)
Left Hand Rotation
PT – ENG – ESP
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Uma edição/ação, poética/política, trilingue (PT/ESP/ENG) editada pela Cósmica com o apoio da República Portuguesa/Ministério da Cultura a partir do projeto digital espanhol do coletivo Left Hand Rotation “La vuelta al mundo en 80 catastrofes”.

A edição ESPECIAL PORTUGAL  inclui um capítulo com 24 monumentos e memoriais a catástrofes em Portugal. Os memoriais que mapeámos (+ os memoriais às vitimas de massacres portugueses em Angola, Moçambique e São Tomé) funcionam como marcadores de memória, mas também como afirmações de resistência e até funerais simbólicos, quando os corpos das vítimas desapareceram. O monumento amplia a nossa visão crítica para as coisas do mundo. 

Os monumentos e memoriais a catástrofes no espaço público expressam significados, sensibilidades, representações narrativas e imagéticas de momentos de ruptura trágica com a aparente estabilidade quotidiana. O que se teme numa catástrofe é a perda de vidas humanas. Na modernidade, após uma tragédia coletiva logo surge a ideia de construção de um monumento ou memorial em homenagem às vítimas. Seja uma epidemia, uma guerra, um massacre, um ciclone, etc.

Os monumentos são assim poderosos arsenais que revelam discursos e denunciam atrocidades passadas. Não esquecer é um ato de resistência e o monumento também cumpre essa função de “despertar as centelhas da esperança” ao contribuir para que os erros do passado não ressurjam novamente. Por isso faz todo o sentido demolir simbolicamente estátuas, é urgente ressignificá-las, e assim mantê-las como espaços de conflito, como gatilhos para uma leitura crítica da história, para que o seu pedestal vazio não nos convide a perder a memória da catástrofe.

O dever de restituição e de reparação são os primeiros passos para uma verdadeira justiça planetária. Termino com uma ausência que por estar tão presente se torna motivo de espanto e de angústia. Portugal foi um dos países promotores do esclavagismo, a cana do açucar o seu detonador e aguardamos desde 2019 a construção do Memorial às Pessoas Escravizadas em Lisboa. Até quando?

Patrícia FreirR