A volta ao mundo em 80 catástrofes

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Selfie mortal.

Embora as mortes individuais e solitárias não tenham lugar neste guia, é evidente que muitas mortes individuais e solitárias constituem uma morte ou um massacre coletivo. Até à data, não conhecemos obeliscos, memoriais ou cenotáfios dedicados a esta causa de morte, mas já nos deparámos com mais do que um ramo de flores junto a uma falésia, na berma de um trilho de safari ou no telhado de um edifício.

Entre 2011 e 2017 registaram-se números impressionantes de turistas que faleceram no afã pelo melhor dos autorretratos. Nesses anos, 259 pessoas deram o seu último suspiro enquanto se fotografavam (algumas delas provavelmente nem sequer chegaram a carregar no botão do obturador) atropeladas quando tiravam a sua melhor fotografia, ou caindo no vazio sem deixar de fazer a selfie de sonho. A Índia, os Estados Unidos, a Rússia e a Espanha estão à cabeça deste ranking sangrento. Isto não inclui os numerosos óbitos em acidentes rodoviários também causados por selfies. Nada disto seria possível sem a invenção em 2005 do selfie-stick, apêndice mecânico do nosso braço patenteado pelo canadiano Wayne Fromm, e acessório imprescindível para ganhar alguns centímetros de enquadramento.

A Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA já propôs a criação e sinalização de «no selfie zones» (algo que já existe há anos no metro do Japão), especialmente em lugares elevados (falésias, ravinas, edifícios, barragens), embora não sejam de excluir, devido aos dados confusos, lugares onde os turistas intrépidos podem ser eletrocutados, atropelados ou atacados por animais.

Por isso, cuidado com as costas e com o sítio onde põe os pés quando estiver a tirar uma selfie, a menos que se queira ver representado por um monumento neste guia e ser visitado por outros turistas.